A Unicidade de Deus, nos Três Livros Sagrados

 Entre a Crença e a Descrença

            Há muitas opiniões antagônicas e diferentes, a ponto de se constituírem em críticas a respeito da crença em Deus, do s princípios da realidade da religião e da credulidade, e daimportância da profecia e das mensagens para a vida humana. Há aqueles que negam a existência de Deus, que são ateus, oponentes a tudo que se relaciona com a crença n’Ele, em Suas Mensagens e em Seus profetas, renegadores da ressurreição, da congregação, do Julgamento e do castigo. Há aqueles que crêem na unicidade de Deus, seguem os ensinamentos dos profetas, acreditam nas nas mensagens divinas, têm certeza da Ressurreição e do Dia do Juízo Final, que são paciente, de consciência tranquila e pensamentos claros. Entre ambas as categorias há muitos outros tipos e posições quanto à pureza da crença e dasalutariedade, quanto à perfeição ou a imperfeição dela. Quanto à proteção da autenticidade da crença ou a sua mistura com muitas idolatrias, adivinhações e politeísmo, manifesto ou oculto, há também muita discrepância.
           Como crente em Deus, na Sua Mensagem e no Dia do Juízo Final, em outras palavras, como muçulmano, não me importo com os da primeira categoria, que declararam a sua descrença em e sua negação a tudo que diz respeito a Deus, Sua Mensagem e ao incognoscível, coisas em que os crentes acreditam. Pessoas desse tipo são mais fáceis de ser acatadas e mais propensas a ocupar os pensamentos do leitor, em fazer valer o seu ateísmo, seus pensamentos e sua descrença. Apresento este meu livro aos crentes em Deus, dentre os adeptos dos Livros Sagrados, mesmo que variem em suas configurações, suas seitas e suas leis. Pois a base desta nossa pesquisa faz parte de suas escrituras, ou seja, a crença na unicidade de Deus, nas mensagens divinas e no Dia do Juízo Final.
            Todos nós temos ciência de que o ateísmo não se fundamenta em nada, não possui nenhum sustentáculo, nem tem o apoio de mentalidades lógicas, não tem texto específico, nem é corroborado pelas mensagens divinas. Pois ele é antagônico à natureza humana, à criação, à organização cósmica, aos portentos visíveis, à harmonia existente entre os mundos do universo, de que faz parte a terra, os céus, as nebulosas, os astros e as galáxias, etc ..
            O ateu, que descrê na criação de Deus, que descrê no incognoscível, é, do ponto de vista dos crentes, incapaz, deficiente mental, mais ignorante do que aquele beduíno rústico que, ao ser questionado quanto à sua crença em Deus, respondeu:
            "Se o esterco do camelo é sinal da existência do camelo, se as pegadas são sinais da passagem de alguém, será que as noites escuras e o firmamento repleto de estrelas não são sinais do Oniouvinte, Onividente?"


            Aqueles que cortaram suas relações com Deus, tiveram seus pensamentos atrofiados, seus espíritos morreram, mesmo estando vivos, o materialismo encobriu seus sentimentos; são os descritos pelo Alcorão: "Temos criado para o inferno numerosos gênios e humanos com corações com os quais não compreendem, olhos com os quais não vêem, e ouvidos com os quais não ouvem . São como as bestas, quiçá piores, porque são displicentes. Os mais sublimes atributos pertencem a Allah; invocai-O, pois, e evitai aqueles que profanam os Seus atributos, porque serão castigados pelo que tiverem cometido" (7:179-180).
            São também os descritos por Jesus: "Tendo olhos, não vedes? e, tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?" (Marcos, 8: 18).
            O que nos importa aqui é o argumento da crença em Deus - na Sua Unicidade, na aceitação de todos os Seus mensageiros, sem distinção entre eles -, por parte dos adeptos do Livro, judeus e cristãos. Em tudo o que foi inferido a essa questão primordial, essas invenções, adulterando sua pureza, anulando sua influência nas almas, modificando seus preceitos morais, deteriorando o comportamento, diferenciando pesos e medidas; eis que os pensamentos se confundiram. Isso é o que foi introduzido nas crenças quanto ao paganismo, obscurantismo, ocultismo, às adivinhações, afastando enormemente da sua religião os povos do Livro, afastando-os dos mandamentos divinos, e da crença na unicidade de Deus, no Dia do Juízo Final, quanto ao temor e ao castigo, modificando-lhes a excelência de caráter e o comportamento.
            Mais grave ainda é a descrença deles em alguns profetas e algumas mensagens. Os judeus descrêem em Jesus e


Mohammad (A paz esteja com eles); os cristãos, com a sua divinização a Jesus e descrença em Mohammad e na sua mensagem. Isso agravou os desentendimentos, gerando a inveja e a inimizade, ateando o fogo das guerras devastadoras, entre adeptos de religiões cuja origem está no grande patriarca e pai dos profetas, Abraão (que a paz esteja com ele), o pregador do monoteísmo e da submissão à vontade do Deus Único. Ele anunciou a religião que todas as mensagens divinas, todos os profetas e todos os livros sagrados, sem excessão, anunciaram, como mostraremos ao abordarmos esse tema, se Deus quiser.
            O homem de comportamento reto, de mente sã, que tem pensamentos sadios e raciocínio lógico é quem respeita o direito, o argumento e a lógica. Isso só é alcançado se ele esquecer de seus interesses pessoais, seus lucros materiais, de certas heranças ideológicas e religiosas, que utiliza o pensamento e o coração no que vê e ouve, de apelos, alegações, ideologias e crenças, chegará, sem dúvida, com a orientação de Deus, a uma só resposta, coesa, compro¬vada, ou seja, que a verdade é uma só, em todas as religiões, determinada pelo mesmo e único Ente, que é Deus. Todas as religiões pregam a crença n'Ele, em todos os Seus anjos, todos os Seus mensageiros e profetas, em todos os Seus Livros e Suas revelações, sem fazer distinção entre eles. É isso que a crença islâmica prega, através dos textos alcorânicos e das tradições do Profeta Mohammad (Que a paz e a graça de Deus estejam com ele).

Deus, na Crença Islâmica

            Algumas pessoas não muçulmanas, levadas pela ignorância ou pelo ódio, tentam configurar o Deus dos


muçulmanos uma lenda, inventada por Mohammad, que deu-lhe o nome de "Allah"; que esse Deus, na imaginação desses incrédulos, difere do Deus verdadeiro, em que acreditam os adeptos das duas outras religiões e que é citado na Bíblia Sagrada.
            É perda de tempo citarmos aqui as alegações dessas pessoas. Se os sacerdotes e os rabinos quisessem conhecer a verdade sobre os seus livros sagrados, revelados originalmente em hebraico, e não nas línguas em que foram traduzidos, como fazem os muçulmanos que lêem o Alcorão em árabe, veriam que a palavra "Allah" é o mesmo termo sublime e antigo que designa o Criador, Que Se revelou e falou com Adão e com Moisés, e inspirou a todos os profetas posteriores. Allah é o Criador, o Ser Único, Que existe por Si, é o Poderoso, o Onisciente, Que abrange todos os seres e todas as coisas. É o originador da vida e da morte, de todo o conhecimento, e o fornecedor do poder; é o Criador por excelência, o Organizador, o Maestro de todo o Universo. A essência da Divindade da Sua natureza está além da compreensão humana. Por isso, toda tentativa de assemelhar e incorporar Deus, não será apenas em vão, mas também a negação de Seus atributos e, certamente, nos levará para o extravio e o erro.
            Muitos filósofos e ideólogos antigos e modernos, pesquisadores nesse campo, tentaram conhecer a essência divina, porém seu esforço foi em vão, e não chegaram a resultado algum, retornando sempre ao ponto em que começaram. Muitos ficaram em dúvida, e outros se refugiaram no ateísmo. A seita cristã, que acredita na


trindade, durante dezessete séculos esgotou os pensamentos de seus sacerdotes e filósofos, à procura do conhecimento da essência divina. O que concluíram? Tudo que impuseram Sto Agostinho e São Tomas de Aquino aos cristãos, acerca da maldição eterna, foi para que cressem que Deus é trino. Deus, para esclarecer esse ponto, diz, no Alcorão Sagrado:
            "São blasfemos aqueles que dizem: Allah é um da Trindade! porquanto não existe divindade alguma além do Allah Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles" (5:73).
            Por isso,os sábios muçulmanos se absterem de querer explicar a essência de Deus é que essa essência está aquém das palavras que possam descrevê-Lo. Deus possui inúmeros atributos que não passam de descrições derivadas de Sua essência, nas Suas diferentes manifestações neste universo que Ele criou sem o auxílio de ninguém.
            Por isso, vemos que Deus, Glorificado seja, afirma isso nas seguintes palavras: "Nada se assemelha a Ele, e é o Oniouvinte, o Onividente" (42:11).
            Para os muçulmanos, Deus possui noventa e nove atributos, todos eles descritos com adjetivos de perfeição e majestade para mostrá-Lo a nós. Por isso, nenhum ser, durante quatorze séculos, conseguiu acusar os muçulmanos de adorarem mais do que um Deus, ou que esses atributos demonstrem um grande número de deuses. O mais simples dos muçulmanos tem plena consciência de que Deus é Um só. A mais curta Surata do Alcorão atesta a unicidade, a


eternidade e o absolutismo de Deus. A Surata da Unicidade diz:
            "Diz: Deus é Único, Deus é Absoluto, não gerou nem foi gerado, e ninguém se assemelha a Ele" (112: 1-3).
            O velho Testamento e os Evangelhos qualificam Deus como sendo Pai, porque é o Criador dos Seus servos, ama ::os crentes e protege os Seus preferidos. Porém, as igrejas mal usaram essa qualificação e alegaram a filiação de Jesus a Deus. Talvez seja por isso que o Alcorão nega utilizar - se dessa qualificação. Tanto o Velho Testamento como o Alcorão Sagrado condenam a crença na Trindade. O Novo Testamento não a atesta claramente. Porém, mesmo que contenha algumas alusões sobre a Trindade, isso não é prova suficiente, porque Jesus não o escreveu nem o atestou, nem tampouco as suas palavras ilustram algo sobre a Trindade, como mostraremos adiante, se Deus quiser.
            Os atributos de Deus não podem ser considerados entidade existentes por si só, ou separados da existência de Deus. Se assim fosse, não teríamos uma Trindade, mas dezenas delas. Uma vez que ao homem falta a capacidade de compreender a Identidade de Deus, não consegue conhecer devidamente a seu Criador, a não ser através de Seus atributos que descrevem a Sua identidade, os Seus feitos, e liga o Universo a Ele, designando a relação d'Ele com as Suas criaturas. Por isso, os três Livros Sagrados se negaram a descrever a identidade de Deus, Sua realidade e Sua essência. Satisfizeram-se em citar os Seus atributos, a Sua relação, os Seus feitos, as palavras que descrevem a Sua Magnificência, Sua Sublimidade, o Seu merecimento



de ser adorado e louvado por todas as Suas criaturas.
            Dentre os atributos de Deus, glorificado e exaltado seja, contidos no Alcorão Sagrado, citamos:
            "Ele é Allah; não há mais divindade além d'Ele, Soberano, Augusto, Pacífico, Salvador, Zeloso, Poderoso, Compulsor, Supremo. Glorificado seja Allah, de tudo quanto (Lhe) associam! Ele é Allah, Criador, Onifeitor, Formador. Seus são os mais sublimes atributos. Tudo quanto existe nos céus e na terra glorifica-O, porque é o Poderoso, o Prudentíssimo" (59:23-24).
            Podemos afirmar uma importante verdade aos adeptos da Tora e do Evangelho: que a concepção islâmica de Deus, os Seus nomes e atributos é mais abrangente, mais vasta e mais clara do que a concepção dos judeus e dos cristãos quanto à identidade sagrada de Deus. Eis que os noventa e nove sublimes atributos de Deus, que nós conhecemos na religião islâmica, nos fornece um quadro mais claro, mais completo e mais sagrado de Deus. Ele, Glorificado seja, é o Criador e Senhor do Universo.
            "Vosso Senhor é Allah, Que criou os céus e a terra em seis dias, logo assumiu o Trono para reger todas as coisas. Junto a Ele ninguém poderá interceder, sem Sua permissão. Tal é Allah, vosso Senhor! Adorai-O, pois! Não meditais?" (10:3).
            Ele, Glorificado seja, é Deus e Senhor de todos os povos e de todas as nações. Todos para Ele são iguais. Não há distinção entre eles, a não ser pelo temor a Ele.
            “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de ma¬cho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para


reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado" (49: 13).
            Ele não é o Deus nacionalista, descrito pela Bíblia Sagrada, como "somente Deus de Israel".
            Não desejamos alongar-nos neste assunto, pois haveria necessidade de um livro específico para tratar dele. Porém, a verdade é que o Deus que os muçulmanos adoram é o mesmo Deus que enviou Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad (que a paz de Deus esteja com todos eles); é o mesmo Deus em Quem os judeus e os cristãos acreditam, como é mencionado na Bíblia Sagrada; é o mesmo Deus que os ingleses chamam de God, os alemães, de Got, os italianos, de Dio, e assim por diante. É suficiente que o Alcorão Sagrado cite essa verdade, sobre a qual nenhuma discussão é esclarecedora. O Alcroão diz:
            "E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizeí¬lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos" (29:46).
            Não acreditamos que, depois dessa exposição, restou alguma dúvida quanto à questão da unicidade de Deus, à Sua adoração e à submissão a Ele por parte dos muçulmanos. A minha intenção não é provar essa disputa importante ao leitor muçulmano, porque é uma questão evidente. O não muçulmano, porém, judeu ou cristão, deve ter conhecimento disso a respeito do Islam. Não estou acusando os leitores não muçulmanos de ignorância, mas


citei isso à guisa de pesquisa, para comentar o texto da Bíblia Sagrada a respeito do assunto, quanto às provas da unicidade de Deus, de ser o Único Criador, de ser o único a merecer a adoração, para dar a oportunidade ao leitor esde fazerem uma comparação entre os textos da Bíblia e os textos que ouvem dos sacerdotes e rabinos nas igrejas e sinagogas. Então eles formarão um juízo, baseados no discernimento e na consciência, a respeito do que vêem e ouvem. O leitor, se Deus quiser, descobrirá, neste capítulo e nos seguintes, que a questão da unicidade de Deus e da crença no Profeta Mohammad (que a paz e a graça de Deus estejam com ele) é fundamentada no que afirmam as religiões e os livros, sendo que isso era do conhecimento de todos, entre os israelitas, cujos mais importantes profetas foram Moisés e Jesus (que a paz esteja com eles). A aberração e a adulteração quanto à unicidade de Deus, à aceitação de Seus mensageiros, só aconteceu quando as mãos humanas se estenderam para os textos e os adulteraram, guardando para os donos deles o monopólio do conhecimento das leis, escondendo-as aos olhos das pessoas em geral, como foi o caso, na época de Jesus (a paz esteja com ele), sob a liderança dos escribas, dos fariseus e dos rabinos, na administração do templo e das liturgias de adoração, especializando-se na manipulação dos pensamentos do povo, para encherem seus bolsos do dinheiro que era oferecido ao templo. Talvez a prova mais patente que aparece no Evangelho a esse respeito, são as palavras de Jesus (a paz esteja com ele), que dizem:
            "E os ensinava, dizendo: Não está escrito - 'A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração?



Mas vós a tendes feito covil de ladrões'. E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina"
(Marcos, 11:17-18).

            A Unicidade de Deus na Bíblia

            Todos os capítulos do Velho Testamento atestam - por intermédio das palavras dos profetas, das revelações divinas a esses profetas, através das palavras de Jesus Cristo (a paz esteja com ele), conservadas nos quatro Evangelhos do Novo Testamento - a unicidade, glorificação, sacraticidade de Deus, a adoração a Ele, negando o politeísmo e a semelhança de alguém com Deus. Esses consideram o politeísmo e a idolatria como um dos maiores  pecados que o homem pode cometer quanto ao seu Criador e Senhor. Todos os capítulos também ameaçam o politeísta de maldição e de estar afeito à ira de Deus, bem como ao castigo, terreno e Futuro.
            Na realidade, os textos que falam sobre a unicidade, negando o politeísmo e a adoração a outro ser além de Deus, são muitos na Bíblia Sagrada. Não temos espaço suficiente, neste livro, para citar a todos. Porém, citaremos algumas passagens, como provas patentes e inequívocas.
            1 - A primeira é para os israelitas, e diz:
            "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras,


que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás aos teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te" (Deuterenômio, 6:4-7).
            2 - Há também a seguinte exortação:
            "Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti, senão que temas o Senhor, teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma. Para guardares os mandamentos do Senhor, e os seus estatutos, que hoje te ordeno, para o teu bem?" (Deuterenômio, 10: 12-13).
            3 - Há ainda a seguinte magnificência e majestade dedicadas ao Deus Único, Senhor dos senhores, Que não possui semelhantes, no seguinte texto:
            "Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus Grande, poderoso e terrível, que não faz distinção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestido. Pelo que, amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Ao Senhor, teu Deus, temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás" (Deuterenômio, 10: 17-20).
            4 - O seguinte texto explica que Deus, Glorificado e Exaltado seja, não pode ser visto por humano algum, nem pode ser imaginado, nem ser incorporado numa determinada figura de homem ou qualquer outro ser dentre as criaturas de Deus. Ele diz:
"Guardai, pois, com diligência as vossas almas, porque semelhança nenhuma vistes no dia em que o Senhor vosso


Deus, em Horeb, falou convosco no meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de macho ou de fêmea; figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alígera que voa pelos céus; figura de algum animal que anda de rastros sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor, teu Deus, :"epartiu a todos os povos debaixo de todos os céus"
Deuterenômio,4: 15-19).
            5 - Deus, glorificado seja, é um Deus cioso que não aceita parceiro nem semelhante algum. Por isso, Ele é o único Senhor e não há outro além d'Ele. Isto é informado pelo seguinte texto:
            "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão; não terás outros deuses diante de mim; não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma, do que há em cima no céu, nem em baixo na terra nem nas águas debaixo da terra: Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque Eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais sobre os filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Deuterenômio, 5:6-9).
            6 - É necessário que o coração esteja sempre repleto da lembrança de Deus, engrandecendo-O, porque é o Criador dos céus e da terra e abrange todas as coisas.
            "Pelo que hoje saberás, e refletirás no teu coração, que



só o Senhor é Deus em cima do céu e em baixo da terra; nenhum outro há" (Deuterenômio, 4:39).
            "A ti te foi mostrado, para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão Ele. Desde o céu te fez ouvir a Sua voz para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste as suas palavras do meio do fogo" (Deuterenômio, 4:35-36).
            7 - No seguimento da crença monoteísta e na adoração a Deus há benefícios, bênçãos e salvação; na negação disso e no politeísmo há maldição e extravio:
            "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando ouvirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, e vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes" (Deuterenômio, 11: 26- 28).
            No texto há uma clara alusão de que o Deus que deve ser seguido e adorado é o Deus único, o Compulsor, o Poderoso, que os israelitas conheciam e adoravam, como lhes foi ensinado por seus profetas e mensageiros. Porque qualquer deus diferente do que conheciam sobre o Deus verdadeiro não seria Deus e não seriam obrigados a seguir e adorar. Onde está a pretensão sobre a Trindade inventada pelos cristãos, uma vez que Jesus era um israelita, e adorou o Deus que eles adoravam, falou sobre o Deus que eles conheciam? Se ele tivesse falado coisas que ferissem a idéia do monoteísmo, teria que ser excomungado pela maldição da Tora.


            8 - Allah é o Deus Primeiro e Último, Criador de tudo, Altíssimo, louvado e glorificado seja, Quem dá a vida e a morte para a todos os seres vivos, e todo ser vivo está submetido a Ele; adoremo-Lo, pois, e nos prostremos perante Ele!
            "Levantai-vos, bendizei ao Senhor, vosso Deus, de eternidade em eternidade; ora bendigam o nome de tua glória, que está levantado sobre toda a bênção e louvor. Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército; a terra e tudo quanto há nela; os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos; e o exército dos céus te adora" (Neemias, 9:5-6).
            Esse engrandecimento e essa magnificação de Deus, glorificado seja, a Sua unicidade e a firmação de ser unicamente Ele o Criador, a prostração de todos perante Ele, a submissão dos céus e da terra, e o que há neles, ao Senhor único, está plenamente de acordo com as profecias quanto à crença única e à servidão a Deus. Onde estava filho "Jesus" alegado pela Igreja? O Alcorão Sagrado atesta o significado do texto e afirma que Ele é o Criador das criaturas sem ter nem filho, nem esposa. O Alcorão diz:
            "Oríginador dos céus e da terra! Como poderia ter prole, quando nunca teve esposa, e foi Ele Que criou tudo o que existe, e é Onisciente? Tal é Allah, vosso Senhor! Não há mais divindade além d'Ele, Criador de tudo! Adorai-O, pois, porque é o Guardião de todas as coisas" (6: 101-102).
            9 - Quanto aos Evangelhos, vemos nesse preceito, com as palavras do próprio Jesus, uma resposta à pergunta de um dos escribas:


            "Aproximou dele um dos escribas, que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele" (Marcos 12:28-32).
            Verificamos nessa alocução que o formulador da pergunta é um sábio dentre os escribas, e não é uma pessoa qualquer. Ele conhecia os madamentos e os ensinamentos que os profetas tinham transmitido para os israelitas. Por isso, a resposta de Jesus tinha de ser verdadeira, sem invenções. Ele o elucidou a respeito da unicidade de Deus, da necessidade de O amarmos e da sinceridade para com Ele. Então enunciou o segundo mandamento que versa sobre o amor ao próximo e o tratamento com benevolência aos parentes. Isso está plenamente de acordo com os ensinamentos dos profetas, como é descrito pelo Alcorão Sagrado, com o mesmo significado; ele diz: "O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais indulgentes com vossos pais ... " (17:23).
            Não vemos, nesse mandamento, nenhuma alusão à questão da Trindade, levada em consideração pela Igreja


católica e protestante como sendo o ponto mais importante da crença cristã - o pilar de sua religião e o mais sagrado dos mistérios da Igreja.          .
            Não podemos imaginar que Jesus (que a paz esteja com ele) estivesse com medo de declarar a verdade, ao formulador da pergunta, quanto ao fato de ele ser Deus ou Filho de Deus, porque os seus ensinamentos para seus apóstolos não poderiam temer nenhuma censura, por seguirem-no ou crerem nele. Como poderia ele contrariar a si próprio naquilo que ele pediu de seus apóstolos?
            Por outro lado, se considerarmos que Jesus veio para declarar às gentes sobre a segunda pessoa, que não conheciam, e que veio para dar-lhes a conhecer Deus com suas três pessoas, como poderemos acreditar que ele cumpriu com o seu dever, e transmitiu a mensagem de seu pai - a primeira pessoa -, escondendo isso, quando era nececessário esclarecer?
            Porém, a confirmação da unicidade de Deus e a negação do politeísmo, como o texto procedente afirma, aconteceu de ambas as partes, o questionado e o questionador. O questionador diz, avaliando a resposta: "Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele". Quando Jesus viu que havia no homem um vislumbre de crença, e que ele veio à procura da verdade, ele lhe anunciou a entrada no Reino dos céus:
"E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus" (Marcos, 12:34).
            10 - E num contexto de longa confidência de Jesus (que a paz esteja com ele) a seu Senhor, suplicando-Lhe que


protegesse seus seguidores e apóstolos, fixasse neles as palavras e revelações dele, para que não retrocedessem, ele confirma, com essa confidência, que a missão que lhe foi designada por Deus, havia sido preenchida, e já era tempo de partir da vida terrena. Ele diz:
            "E a vida eterna é esta; que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer" (João, 17:3-4).
            Ele, então se dirige, no final da confidência, ao seu Senhor, o Justo, o Misericordioso para com Seus servos, dizendo:
            "Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja" (João, 17:25-26).
            Isto não é suficiente para confirmar a missão com que Jesus foi enviado, ou seja, ensinar aquela geração extraviada, cujo coração foi petrificado pelo materialismo, cuja visão foi empanada pelo brilho do ouro, apresentá-la ao seu Senhor, seu Criador, citando o nome de Deus nos templos e entre as pessoas; Ele é o verdadeiro Deus. Crer n'Ele é obrigatório, seguir o Seu profeta, Jesus, e crer em seus ensinamentos está incluído nessa crença. Essa é a missão cumprida por Jesus; é a mesma missão dos outros profetas e mensageiros, que convocaram toda a humanidade para ela, lutaram para fixá-la nos corações e nas almas das pessoas, extirpando todo desvio ou adulteração.


            No final deste capítulo, deveremos confirmar uma importante verdade: a de como nos foi esclarecido pelos textos e exemplos citados quanto à unicidade de Deus, quanto aos Seus sublimes atributos, que está de acordo com os ensinamentos dos profetas; deveremos rejeitar todo e qualquer texto, na Bíblia Sagrada, que contrarie essa verdade? É preciso peneirarmos esses textos para distinguirmos entre a verdade e o erro, no tocante à unicidade de Deus, à Sua perfeição e Majestade. Se não fizermos isso, o leitor desses textos ficará sempre em dúvida, sem encontrar um caminho que o oriente na sua crença, em seu comportamento e em seu caráter, em tudo que está ligado às questões da sua vida e sua morte. O caminho mais curto e seguro é traduzirmos os textos da Bíblia e joeirarmo-los sob o ponto de vista islâmico e do puro monoteísmo. 

FONTE: Livro "A Unicidade de Deus e Muhammad na Biblia"

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